Tem Marcação no Sodré
Coplas de Um Gaúcho Brasileiro (2000)
Ângelo Franco
É dia de marcação nos varzedos do Sodré o sol ainda cochila a peonada já está de pé
na picumã galponeira Hay mate e prosa sincera E algum cuspidor dando fé
Não alonguem a conversa "temo" muito que lidar "Damo" de mão nas trançadas
Parando de chimarrear E um tilintar de chilena
É sinal de que os ventenas tão não forma pra enfrenar
Apura! Pega esse baio, ou quem sabe o alazão
Só deixa o gateado ruano que é o cavalo do patrão
Encilha e já quebra o cacho "Largamo" lançante abaixo repontando a criação
Coisa lindaça uma estância atopetada de vaca
A peonada anda loca com os "zóio" que é umas pataca
Gado parindo em ninhada nunca se viu tanta rês
Se finca o pé nas macegas, te jogo que salta três
Tem um tourinho matreiro pelo chircal amoitado
Mas não se dobra um campeiro com um cusco bueno do lado
Vem do peito um sapucaí o gado vai que só vai é "upa" e já está encerrado
As marcas já tão no fogo "Vamo" largar companheiro Não perca o tempo do pealo
Que o serviço anda ligeiro Pra fuzarca da indiada que arrisca um gineteada
"deixamo" os mais caborteiros
Faca afiada a capricho Serviço feito no chão Cai touro, levanta boi É a sina da
castração
Depois de um lote tratado O meio dia é sagrado para o descanso do peão
Na mesa bóia campeira Pra repor as energias Tem carne gorda pingando
E sinhá Marica anuncia Mondongo à moda da casa
Colhão de touro na brasa e um vinho pra companhia
Não se passem gurizada Que tem serviço em seguida Deixemo abaixar a bóia e demo
de volta pra lida
La na invernada do fundo só tem terneiro taludo E as grotas são desgranidas
A tarde cruza a galope A noite vai se chegando É só largar esse gado
E a jornada vai findando Já chora uma viola amiga Agora é trago e cantiga
Amanhã "seguimo" botando
Coisa lindaça uma estância Atopetada de vaca
A peonada anda loca com os "zóio" que é umas pataca
Gado parindo em ninhada Nunca se viu tanta rês
Se finca o pé nas macegas, te jogo que salta três
É dia de marcação nos varzedos do Sodré