Sobre as Marcas no Barro
Coração de Campo (2017)
André Teixeira
(Xirú Antunes/Adriano Alves/André Teixeira)
A chuva trouxe segredos
No novo viço do pasto;
E semeou na terra negra
A ‘vida’ em forma de cascos...
Nos lentos passos que formam
No úmido chão da mangueira;
A ‘moldura’ mais crioula,
Pra uma “pintura” campeira.
Que se mostra frente aos olhos
De quem ‘madruga’ primeiro;
Pela paciência dos anos,
Que o tempo chamou ‘Sogueiro’...
E “despertava” o silêncio,
Que antes ‘dormiu’ na coxilha;
Trazendo o tranco dos mansos
Que o campo ‘abriga’ em tropilha.
E ‘sobre as marcas no barro’
Que revelam a cada passo;
Fica um relato de antes
Na rude imagem dos cascos.
Que há de ser mais do que um quadro
Que a terra ‘ajudou’ pintar;
Ou uma outra ‘face’ pra vida,
Depois que o barro secar...
São formas madrugadeiras
Reculutando a paciência
Do tempo que arma o laço
Pintando o céu e coxilha,
E o espelho da mangueira
Traduz da noite pra o dia
Como se fosse um campeiro
Pintando um quadro da vida.
Cada uma traz um marco,
Plantado de movimento,
Sensivelmente marcado
Pelo campo e sua razão,
Cada uma é a impressão
Da existência no pago.
Deixado a cada passo
Na talha bruta do chão.
Pena que as marcas do mundo,
Não tem fé simples de barro,
que não fere carne e couro,
somente molda o formato,
daquilo que pode ser
e aquilo que vai viver
a cada amanhecer
na ponta verde dos pastos.