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Escravo Da Saudade

De Marca e Sinal (2017)

Paulo Gualberto

(Paulo Gualberto)

vamos, moçada, dançar um xote largado
arrodiado pros dois lado´, na sala dum ctg
comer costela assada em lenha na vala
tradição que me regala este jeito de viver
encilha o pingo, emala o poncho no arreio
mesmo com o tempo feio a tropa tem que seguir
leva na guampa uma pura de alambique
se acaso tu ficar triste, leva um trago pra esquecer

pra quem não teve uma vida na campanha
o coração não estranha e nem forte pega a bater
mas prum campeiro que se embretou na cidade
hoje é escravo da saudade no seu jeito de viver

jogar um truco, tentiar a sorte no osso
se aprende logo de moço a forma de se entreter
correr carreira em pelo numa gateada
é tudo que precisava no domingo acontecer
beber apojo ordenhado no galpão
quem já fez sabe que é bom nem é preciso dizer
comer canjica numa guampa de coalhada
num pampa branco de geada, num bonito amanhecer

pra quem não teve sua vida na campanha...

hoje, distante, relembra a velha morada
o canto da passarada quando chega o alvorecer
mateia triste sonhando com o galpão
o pai-de-fogo e o alazão e o campo p´a recorrer
todo campeiro que se ilude com a cidade
sofre uma barbaridade, é como um potro bagual
aceita arreios e o freio da saudade
mas a sua liberdade é uma coisa desigual

pra quem não teve uma vida na campanha...


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