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Das Precisão pra Viver

Sul (2016)

Luiz Marenco

Não preciso quase nada pra vida de peão campeiro
Espora, cincha, baixeiro, boieiras, luas e aguadas
Um galo pras madrugadas, e uma guitarra pra noite
Flor de trevo nas canhadas, maçanilha do horizonte

Tão pouco é o que se requer, prá vida das invernadas
Um ranchito meia água que dê prá filho e mulher
Cavalo forte altaneiro, boa rédea, boa cabeça
Que se lembre se eu me esqueça das precisão de campeiro

Pingo de muitos segredos, sabe o que falta prá mim?
Pelo cheiro do remédio que se aboca o criolim
Pelo tinir das argolas que falta chave e cambona
Pelo aroma do perfume que me vou pras querendonas

Não saio nunca das casa sem levar poncho imalado
Pra um campeiro é um pecado as manga d'água do agosto
Trago nas rugas do rosto as precisão da experiência
Que a vida é como ciência foi me lavrando a seu gosto

Então não me falta nada prá cruzar por estes campos
Um clarão de pirilampos e o pó da terra na mala
O campo me deu a calma e o vento me deu a crença
E a precisão da querência como municio pra alma


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