Madrugador
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João Chagas Leite
Quando o céu sebruno se tinge em rosado
e meio encabulado vem parir o dia
já me encontra de boçal tirado
gerviando um amargo de erva guria.
a pampa guria despe, despreguiça
suaves primícias de nudez tão crua
só quem madruga goza as alvícias
de tê-la assim imaculada e nua.
a mãe natureza que embalava a noite
de pronto se emponcha de um amor fugaz
e deixa a ternura de suas cantilenas
pra engajar-se a um canto de um clarim de penas
que acorda a pampa pra um diz de paz.
na vanguarda insone dos primos albores
vou lembrando amores, cambichos e anseios
e as águas alvas das sangas são prantos
que entoam cantos pra os meus devaneios
mas o sol não para, parece apressado
timbrando em dourado o pó do corredor
já se foi a aurora, é chegado o dia
já roncou a cuia, foi-se a fantasia
lá se foram sonhos de um madrugador.