Encilha
Do Interior (2016)
Ita Cunha
Letra: Evair Gomez
"Com a mão canhota, sustente a pescoceira torcida
O buçal trança de sete é feitio do João Maria
Bamo' dar alegria pra o dia, pode encilhar assoviando
Enquanto, vou te alcançando os apetrechos da encilha"
Primeiro, estenda o xergão com suas tropilhas de pelos
Da sobra de algum novelo, teceu a China Ramona
Agora é a vez da carona, é couro cru bem sovado
Em muitos pousos de tropa, já fiz de mesa pro assado
Agora sentemo' o basto, esse é quatro cabeça'
Por mais feio que pareça, tem suas léguas de invernada
E a barrigueira, essa atada com látego ao travessão
Pode dar mais um tirão pra firmar bem essas garras
Estendemos dois pelegos, pretuscos qual noite escura
E a badana com gravura de iniciais do seu avô
Esta trama é o cinchador, agarrado à sobre-cincha
Redonda qual lua cheia que vem dormir sobre a quincha
Faltou a mala de poncho, o rabicho e a peiteira
Mas, de todas tuas encilhas, esta recém é a primeira
Só vamos sampar o freio com qualquer uma das mãos
Safa a crina do alazão, apertada com a testeira
Assim se vamo' pra o campo, eu e tu, meu patrãozinho
Esta flor esconde espinho, esta aqui é o bem-me-quer
Já desfolhei por mulher que tanto me virou o rosto
Talvez um dia te conto, quem sabe, um dia qualquer
Assim se vamo' pra o campo, eu e tu, meu patrãozinho
Esta flor esconde espinho, esta aqui é o bem-me-quer
Já desfolhei por mulher que tanto me virou o rosto
Talvez um dia te conto, quem sabe, um dia qualquer