O Candidato
Taí a Dona Vaneira (2014)
Grupo Querência
(Alemão do Passo dos Baios)
O que vou lhes contar agora é de partir o coração
Movido pela vaidade fui disputar uma eleição
Minha votação foi tão pouca, levei um tirão na boca
De arrastar a cola no chão
O povo da minha cidade me fez uma traição
Quando eu fui candidato na chapa de oposição
Pensava, eu gasto mil, amanhã ganho um milhão
Prometi pra minha prenda, vou te compra uma fazenda
Quando eu ganhar a eleição
Vesti uma pilcha nova e um chapéu lindo de fato
Contratei um retratista e tirei cem mil retrato'
Esparramei na cidade minha pose de candidato
Cada dia que passava, eu, faceiro, balaqueava
Essa eleição tá no papo
Enchi de placa e bandeira os becos e avenidas
Botei na minha caminhonete uma música "devertida"
Quero ser o defensor dessa gente tão sofrida
Num discurso comovido dizia, povo querido
Vocês são a minha vida
Eu que era mão de vaca agora tava bonzinho
Entrei na periferia distribuindo presentinho
Churrasco era de sobra, uísque, cerveja e vinho
Todo mundo eu abraçava e nas casa' que eu chegava
Beijava até os ranhentinho'
Chegou o dia de eleição, tava tudo preparado
Para o brinde da vitória o champanhe tava gelado
Depois que contaram os votos fiquei decepcionado
Todo mundo se elegeu, todo mundo menos eu
Por ser o menos votado
Levei um tirão na boca de chegar a afrouxar os carrinho'
Foi-se o sonho de político, a fazenda e o gadinho
Não vou dizer quantos votos porque foram tão pouquinhos
Não fiz o número do pé, ainda perdi a muié
E ando sofrendo sozinho
Que coisa triste, ai, meu Deus, que coisa feia
Larguei com pose de lobo e cheguei com cara de ovelha
Se algum candidato se identificar com essa minha situação, é mera coincidência