Vaneira Macharrona
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Ênio Medeiros
(letra: Rogério Villagran | música: Ênio Medeiros)
Escuta minha vaneira mui candongueira e charrua
Parida em noite de lua junto ao clarão da boieira
Batizada nas ilheiras de uma gaita sem costeio
Que andou potreando floreios nos bailongos da fronteira
Vaneira é clarim de guerra abagualada na estampa
Que traduz o idioma pampa aos quatro cantos da terra
Pois quando a cordeona berra corcoveando num compasso
A tchanga vem pra o meu braço e a polvadeira se encerra
Hino de pátria baguala, mescla de sonhos e ânsias
Almas dos galpões de estâncias que a tradição embuçala
Tua voz nunca se cala nem que esse mundo desande
Pois teu sonido é o rio grande nos quatro cantos da sala
A noite fica pequena, a gaita bufa e se encolhe
A china faz corpo mole e o bugre arrasta a chilena
Porque a vaneira envenena, enfeitiça e prende o fogo
Neste audacioso jogo que a santidade condena
Vaneira é china gaviona que só conta seus segredos
Praqueles que tem nos dedos os apegos da cordeona
Jamais o tempo se adona, tampouco o destino muda
A simplicidade cruda da vaneira macharrona
Até o candeeiro escramuça num balanço pacholento
Até parece o lamento da chorona que soluça
Teu tranco é vida que pulsa e atormenta o índio taita
Pra ser parceiro da gaita quando a aurora mostra a fuça
Vaneira é clamor de povo floreando em baile de rancho
Onde o gaiteiro carancho se espelha no seu retovo
Então assim me comovo, agarro a china mais bela
E grito de toda goela toque a vaneira de novo