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Reminiscências

Gaiteiro Por Vocação (2014)

Raone

Eu vivia feliz na minha aldeia,
Branca que parecia feita a giz...
Havia uma capela pobre e feia
Que os bairristas chamavam de matriz.

Nossa vizinha, estrábica e feliz,
Andava sempre a par da vida alheia.
E na praça, que tinha um chafariz,
Eu brincava ao clarão da lua cheia.

O sapateiro anau batia sola...
O cego zé de assis tangia a viola
A negra iná vendia seu mingau...

Nossa senhora, como o tempo voa !
Já morreu toda aquela gente boa,
Só quem resta sou eu – porque sou mau.


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