Ita Cunha

Com Jeito de Campo

2014

Bugio do Sodré

(Recitado)
Nos fandangos do Sodré, sou pé de vento na sala
Quando a cordeona se embala e o tocador bate o pé
O galpão de santa fé escurece e pede espaço
Pra bailar neste compasso que passa de pai pra filho
E a noite vem comer milho pra pelechar sua estampa
Que acende um clarão na pampa da alma de Dom Maurilho

Que bicho atrevido, mais cheio de prosa
Criolo da serra do campo e do mato
Empeça o fandango ao roncar da cordeona
De jaleco branco e lenço maragato

Vai cruzando a noite entre braços e abraços
Proseando com a china num jeito insistente
Chorando suas penas pedindo carícias
Carente de afagos que acalmam a gente

Abre a gaita seu gaitero que na sala eu sou de fé
É neste embalo pampeano que se desdobra as "muié"
Sou sangue herança dos Cunha lá do rincão do Sodré
E o que tu fizer com as mãos eu desmancho com o pés

Enxaguo a garganta no samba da copa
E a noite tranqueia buscando outro dia
O gaiteiro floreado floreia mais uma
E a sala incendeia na velha mania

O bicho pachola arrasta as esporas
Levantando poeira do piso batido
Aparta uma china pra o lado de fora
E o baile termina num pala estendido

Dicionário gauchês

GALPÃO PAMPA FANDANGO CHINA PAMPEANO RINCÃO PALA

Outras Letras

Voltar para o álbum
Página inicial Artista