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Gaiteiro de Galpão

Sangue, Raça e Procedência (2010)

Gabriel Ortaça

Letra: João Sampaio / Odenir dos Santos

Nas noites frias de inverno
Que a lua cheia alumbrava
Vinha pra beira do fogo
Palmeava a gaita e tocava

Fazia as duas ilheiras
Roncar de voz abafada
Mesmo que uma Mamangava
No esteio da ramada

Espichava a gaita véia'
Até quase rebentar
E trazia se volteando
Igual um Mandorová

E o verso xucro brotava
Que nem pasto na garoa
E as rimas se enfileiravam
Igual teta de Leitoa

A cachorrada escutava
Sentadita nos garrão'
E o gado vinha pra cerca
Ver o taura puxar cartão

Quase a cavalo no fogo
Fazia o traste campeiro
Dar bufo igual Touro brabo
Alvorotando o braseiro

Até os Grilos se calavam
Pra escutar aquele teatino
Tirar do fole rasgado
Notas com timbre divino

O próprio silêncio escutava
Aquele taura tocar
E os anjos batiam palma
C'o as asas que eram pra voar
E os anjos batiam palma
C'o as asas que eram pra voar


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