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Vaqueano

Eu Sou (0)

Antonio Gringo

Nascido em catre de lua
Na madrugada campeira
Quando o clarão da boiera
Queimava a noite charrua
Na deusa pampa chirua
Filha de sol e minuano
Mamei até o sobreano
Sem nunca molhar os cueiros
Lá onde os pajés missioneiros
Me batizaram vaqueano.

Na marca da identidade
Carrego a estampa de todos
Andejos e rapsosos
Criados na imensidade
O vício da liberdade
Adquiri no infinito
Desde que o tupã bendito
Num gesto paterno e largo
Me deu o sagrado encargo
De fazer mapa solito.

Hoje a guitarra das fontes
Já não faz bordoneios
Morreram os pastoreios
As potreadas e os repontes
Não vejo nos horizontes
O sol procurando ninho
Fiquei no tempo sozinho
Prisioneiro da paisagem
E após a última viagem
Me transformei em caminho.

Vaqueano! onde estás vaqueano?
Há um eco que me interroga
A evolução pôs a soga
O meu destino haragano
Morre o último pampeano
Mas eu, vaqueano, não morro
O meu pingo, o meu cachorro
Há muito foram proscritos
Mas guardo n´alma infinitos
Que tempo a dentro percorro.


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