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Baile Nativo

Cantor e Campeiro (2012)

Volnei Gomes

(Volnei Gomes/Éder Oliveira "Nativo")

Quando o sol baixa, trazendo a noite matreira
E o choro da três ilhera' me enfeitiça o coração
Chega às cacharpas num bagual de queixo atado
Que nestes campos dobrados anda encurtando o rincão
Poncho assoleado na garupa do azulego
Garantia de sossego se a chuva chegar de fato
Sombrero negro desabado das "arage"
E um facão véio "selvage" prum modo de um desacato

Estrada afora batendo espora e estribo
Se tiver baile nativo já me apeio na ramada
Deixo o matungo se escorando na maneia
E o clarão da lua cheia, contemplando a madrugada

Na estância véia tem serviço o mês inteiro
Mas na folga de domeiro deixo a canseira na sanga
E ganho o mundo no compasso das chilenas
Pra bailar com uma morena dos lábios cor de pitanga
As rosilhonas vem sovada' do serviço
Mas conhece' o reboliço se a polvadeira levanta
Abano o pala bailando milonga e tango
Que eu me adono do fandango depois dum samba com Fanta

Estrada afora batendo espora e estribo...

A noite grande se debruça na cancela
E as esporas tagarela' no garrão da gauchada
Ponchos e capas dependurados num gancho
Na varanda em frente o rancho, negaceando a madrugada
Chora a cordeona no seu último suspiro
E eu, que nem pingo de tiro, vou pras casa' do povoeiro
Com a morena que caiu no meu agrado
Que eu sou loco de aporreado, mas gosto de andar faceiro

Estrada afora batendo espora e estribo...


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