Domador Ventena
Campereada e Marcação (2011)
Alberi Silva
(Baitaca)
Nosso Rio Grande é a capital dos domadores
Sou cantador e defendo esta profissão
Só tem a crina e o palanque de sinuelo
Se munta no puro pelo, sem basto e sem pelegão
Flóxa o buçal e a gueixa sai corcoveando
Chega ir oreando, credo em cruz, Virgem Maria
Finca-lhe a espora que inté chega dá um estouro
E arranca lasca de couro da paleta e da viria
Um domador, sendo bom, monta sozinho
Sem amadrinho num pelado de rodeio
Saindo salvo o resto deixa que se perca
Se a égua se for à cerca derruba a cabo de reio
Levanta tonta e o peão monta de novo
Não tem retovo prum ginete macanudo
Cabo de mango serve de arfalfa pra ela
Finca a espora nas costela' e atora com osso e tudo
Um peão de estância é estropiado de serviço
Garra por vício de domar égua aporreada
Salta pro lombo e se manda a campo fora
Só se ouve o tinir da espora no fundo de uma invernada
Dá-lhe um gritito, te ajeita, bagual crinudo
Chimbo beiçudo desce ladeira e perau
Diz o peão véio, tu te mexe e eu me mexo
Hoje eu te puxo do queixo, te quebro a cabeça a pau
Um aporreado veiaqueando é coisa feia
Puxa as oreia' e não faz conta do bocal
Baixa a cabeça, esquece inté da manada
E vai abrindo picada no meio do macegal
Dali um pouquito o bagual vai se acalmando
Vai se entregando, já cansado que dá pena
Esmorecido de tanta espora e mangaço
Mas reconheceu o braço de um domador ventena