Domador De Fronteira
Me Dá Licença, Brasil! (2011)
Sinuelo Pampeano
Já engraxei minhas corda
e vou volteá lá pra mangueira
a cavalhada relincha
se acomoda em meio à poeira
por que hoje eu passo as garra
nesta eguada caborteira
depois gineteio no pelo
bem no estilo da fronteira
potrada de todo porte
gateado, zaino, tordilho
refugado das estâncias
algum que já tem cornilho
uns olhando desconfiado
parece chamá o lombilho
e eu de bota de potro
ressuscitando um caudilho
nessas andaças teatinas
muito chucro eu já surrei
trago no corpo as marcas
de golpes que eu já levei
mas bagual que me entregaram
todos eles amansei
corri espora no basto
depois do freio ajeitei
fui parido nesta pampa
num dia meio cinzento
assim me criei gaudério
com o laço atado nos tento
aprendi ver a fronteira
só pelo soprar do vento
fui agarrando estas manhas
por andejar noite adentro
vivo no basto orquetado
cruzando cerros e janos
formei tropilhas na alma
com meu cantar orelhano
e a tarde quando me agarra
este vasto chão pampeano
pra uma escramuça de potro
me agrada o mais haragano.