Queixo Duro
Timbre de Galo (1989)
Pedro Ortaça
Eu nasci de queixo duro, ninguém me quebra o corincho
Gosto muito de bochincho que se baila no escuro
Na sola da bota um furo de tanto arrastar o pé
Nunca canta garnizé em terreiro de galo puro
Não me gusto disse ele touro brabo se boleia
A cascavel bate o guizo pelincho se balanceia
Lagarto não tem pestana e zorro não tem sobrancelha
E se bandeando aí veio bufando e dando pataço
Um facão marca formiga e o pala ao redor do braço
Mais parecia um corisco na noite cortando espaço
E ali no mais dei um grito te arremanga piá lacaio
O gato por ser ligeiro salta de lombo e soslaio
E quem quiser guabijú que venha sacudir o galho
Saímos trançando ferro como touro num pelado
Eu venho lá das missões no mundo não fui domado
Espatifei um canzil nas aspas do desgraçado
E dali sai bufando como touro jaguané
A vaca mansa dá leite e a braba dá quando quer
O cabo da adaga é minha a folha é de quem quiser
Montei ela no meu zaino do corpo senti o calor
E me fui a galopito junto a linda meu amor
E aquele jardim florido onde senta o beija-flor