Caborteira
Coisa Boa é Bailão (0)
Crioulo dos Pampas
(carlos omar villela gomes/jean kirchoff)
caborteira, alma em pelo
paixão de terra molhada
um temporal por sinuelo
e um ventre de madrugada
retoça, pechando o vento
se esquiva por desconfiada
somando um breu de silêncios
no peito em que fez morada
caborteira, estranha lonca
d’onde tenteio meus dias
os sonhos que o mate ronca
se fazem pranto e poesia
caborteira, luz e crina
olhar de adaga certeira
um pealo que desatina
criando a dor mais coiceira
seu tranco é poço malino
perau de águas traiçoeiras
mostrando todo o destino
que nega, por caborteira
caborteira, gavião mouro
em revoada mortal
meu coração, sumidouro
foi sua presa ideal
perdi querência e caminho
e tudo num golpe só
estranha flor, toda espinhos
que só floresce no pó
caborteira, eu fui covarde
e quis lhe botar maneias
sem saber que a liberdade
É a vida que caborteia
caborteira, luz e crina...