Ciro Beico
Rodeio da Vida (1995)
Os Monarcas
O Ciro desde guri, tocava no mesmo tranco
Bochincho que ele animava, chegava a fazê remanso
Mas quando falava em beiço disfarçava e dava ranço
Pois se lembrava da infância, quando morou lá na estância
E ele que não era manso, perdeu o beiço de baixo
Numa bicada de ganso
Oigalê fandango macho, que a pouco te vi dançando
E o gaiteiro ciro beiço ai que tocava se babando
Peludiava na cordeona, puxando uma quatro soco
Prá dançar num baile desse só borracho ou meio louco
A cordeona nos seus braços, era coruja no oco
E o velho quide cantava lá num canto meio rouco
Na salita da bailanta, só piscando pras guria
Juca basto, pandeirista num couro seco batia
(Lá no meio do salão, multi farra abria o peito
Meus senhores e senhoras vai tocar o dom Ciro Beiço
E passe o beiço, e passe o beiço, e me deixe o beiço passar
Aonde toca este velho Ciro Beiço
O pessoal que tá sem troco vai entrando sem pagar
Já se amorou, carcou, passaram o beiço bem no meio do salão
É o velho Ciro, que tá dizendo
Que os rapa chegue nas moça e que as muié não de carão
A cordeona era reiúna, num contra lado de lata
E a baixaria roncava que nem leitão nas batatas
Duas horas demoravam num vanerão sem retovo
E tinha gente que dormia e que voltava dançar de novo
E assim nasceu a história desse cuento tão estranho
Por causa de um ganso macho que peleava no rebanho
Se as guria não dançasse, só ficasse no arreganho
O velho Ciro ficava com o beiço deste tamanho