No Lombo de Um Tordilho
No Tranco dos Monarcas (2000)
Os Monarcas
Quando se doma um tordilho
Só existe dois caminhos
Ou se faz dele um amigo
Com paciência e com carinho
De outro modo é cascavel
Batendo guizo no ninho
Quando encilho o meu tordilho
A cincha no osso do peito
Enfrenado em lua certa
E arrocinado a preceito
(Qualquer rancho é um postal
Com ele no parapeito)
Nas festas da gauchada
Emprestado da fazenda
Seu trote é um voo de garça
Ao selim que fez legenda
Tosado de cogotilho
Para o andar de uma prenda
Dizem que o mar é um tordilho
Se não é, quem dera fosse
Quando um raio se despenca
É um baio que desgarrou-se
(Pois meu tordilho vinagre
Nasceu do vinho mais doce)
Sendo de pelo tordilho
Não existe outro regalo
Melhor ponteiro de tropa
Um peão tá de à cavalo
Engolindo os horizontes,
Assim me gusta de olhá-lo
Enquanto o verso gaúcho
Cantar pingos nos lombilhos
Esses parceiros de lida
Legados de pai pra filho
(Segue o Rio Grande à cavalo
Sobre o lombo de um tordilho)