Entonce, um dia destes,
Lhes conto a pura verdade,
Encontrei com a dita cuja,
Tal morte barbaridade,
A pressão subiu pra riba,
No coração da saudade,
Faltou-me a respiração,
Puxa que dificuldade.
Na estância grande da vida,
Lutei com a morte atrevida,
Que me ordenava a partida,
Pro campo da eternidade.
A las fresca, me vi mal,
Embora, eu tenha bravura,
É uma luta desigual,
Com a morte a peleia é dura,
A mary pulou na briga,
E apelou pra tal de cura,
Me deu um tal valium 5,
E um chá de salsa pura,
Me deu mais cinco de novo,
A morte afrouxou o retovo,
Mas, quase o cantor do povo,
Se guasqueou pra sepultura.
Oiga-lhe, peleia braba,
Quase que levei um corte,
A mary ligou o carro,
E pro doutor fui de transporte,
Seringou um pano em um relógio,
E apertou o meu braço forte,
Me disse, é 13/8,
Ganhaste a briga por sorte.
Mary, grande companheira,
Fátima, minha padroeira,
Foram bravas na trincheira,
E a vida venceu a morte.
E o que eu pensava na hora,
Quando a morte me queria,
Os filhos, já estão criados,
Mas, somente a maioria,
Ainda tem dois menores,
Um guri e uma guria,
A liane com quatro aninhos,
De mim mais precisaria.
Dos meus filhos eu sou amigo,
Por isso, morte eu te digo,
Se eu me mandasse contigo,
Era baita a covardia.
Caramba, que coisa triste,
É morrer no fim do outono,
E um guasca ter que deixar
Os filhos no abandono,
Bem diz o velho ditado,
Que a morte é china sem dono,
Se, guasqueou-se pro meu lado,
Quis me derrubar do trono.
Olha, povo que me ama,
Se eu não sou peixe de escama,
Ia com ela pra cama ,
E dormia o último sono.
Xô mico, que dó da mary,
Depois que tudo passou,
Abriu um grande sorriso,
E de alegria chorou,
Eu li o seu pensamento,
Mais tarde ela me falou,
Se na hora eu não chorei,
Porque bagéense eu sou.
Pra mary eu vi quanto eu custo,
Macho, bonito, robusto,
A morte nos deu um susto,
Queria, mas, não levou.