Rio Grande se me permite
Preste atenção no meu canto
Sou missioneiro eu garanto
Bugre do queixo torcido
Amo meu pago querido
Calço pé e brigo de adaga
Pelo meu São Luiz Gonzaga
Torrão onde fui nascido
Cresci carpindo de enxada
Despois varando com vara
Rocei tossa de taquara
Já sofri pior do que Cristo
Não me entrego e nem desisto
Vou cantar o Rio Grande inteiro
Nasci no chão missioneiro
E honro a bombacha que visto
Acoierado com o vento
Vai o meu canto bagual
Cruza a serra e litoral
E é aceito em qualquer lugar
As missões hei de cantar
Por mais distante que eu ande
Abre a cancela Rio Grande
Deixa teu filho passar
Das missões para outros pagos
Vai minha cantiga guapa
Sou desta terra farrapa
Aonde o sepé peleou
Em São Gabriel tombou
E se foi pra estância de cima
E eu peleando com a rima
Rio Grande agora me vou
Lugar em que se nasce, de origem
Calça-larga abotoada na canela do gaúcho
Grande estabelecimento rural (latifúndio) com uma área de 4.356 hectares (50 quadras de sesmaria ou uma légua) até 13.068 hectares (150 quadras de sesmaria ou três léguas), dividida em Fazendas e estas em invernadas.