Eu sou cria de São Borja
Do rico Torrão Vermelho
Sou Manuelito Rodrigues
Minha vida é um espelho
Fui rico e passei miséria
Sirvo até pra dar conselho
Meu pai grande fazendeiro
Eu fiz muita extravagância
Me agradei da boêmia
Pela minha ignorância
Botei o que tinha fora
E abandonei a estância
Casei em família boa
Com uma rica menina
Eu cheguei a acreditar
Na grande força da sina
Até troquei o meu lar
Por farras e jogatinas
Mais tarde peguei a ver
A áugua no sirigote
Fui trabalhar de empregado
Devendo e dando pinote
Para cada santo uma vela
Pra Deus devia um pacote
Amigo tive bastante
Só quando eu tinha dinheiro
Porém depois de pelado
Que caí no desespero
Fiquei assim que nem velho
Que sempre viveu solteiro
Mas houve alguém que um dia
Chamou meu pai e contou
Os trabalhos que eu passei
E o velho então me chamou
E assim serenamente
O velho me perguntou:
-O Manuelito meu filho
Teu viver como se vai?
-Tô que nem áugua de poço
Que se não tiram não sai
Pra me tirar da miséria
Só você mesmo meu pai
E o velho então respondeu:
-Menino você compreenda
Que um homem hoje não pode
Viver mais de pouca renda
Agarre juízo e volte
E tome conta da fazenda
Sou Manuelito Rodrigues
Mas hoje eu tenho juízo
Transformei a minha vida
De inferno pra o paraíso
Quero dar lucro a meu pai
E não dar mais prejuízo
Hoje vivo na fazenda
Ouvindo o berro dos bichos
Jogatina e boemia
Hoje eu considero vicio
Eu quero que o povo diga
O rapaz criou capricho
Lá na fazenda São Roque
O serviço me distraí
Hoje o dinheiro que eu ganho
Em jogatina não vai
Garanto que desta vez
Vou dar prazer pra o meu pai
O Manuelito Rodrigues
Fiz estes versos para ti
Também vai o meu abraço
Lá pra o Itacurubi
E avisa esses Dornelles
Que eu breve vou por ai