Afif Simões Neto e Nena Pacheco
O campo em que eu nasci me modelou,
Com seus ritos e frutos me alimento.
O campo fez de mim tudo o que eu sou,
E eu sou muito mais flor do que cimento.
Na cidade interrogo os edifícios,
E sigo sem saber do meu destino.
O campo é que me explica e que revela,
No adulto triste os sonhos do menino.
O apelo sem palavras das raízes
Me diz para voltar e eu sei que um dia,
Trocarei meus limites de amurado,
Por trevos e bibis das sesmarias.
Quero beber as vozes em surdina
Dos campeiros ocasos sonhadores.
E as máquinas urbanas me consagram
O cálice dos ruídos e motores.
Eu nasci para a paz dos campos largos,
Coração, meu único motor.
Não quero ser cimento porque sei
Que nasci com o destino de ser flor.