Sempre que a noite se deita
Nas planuras do meu pago
Uma ânsia estradeira
Brota na espuma do amargo
Troco a cuia pelas garras
No pingo faço um afago
Saio a buscar as bailantas
Pra gastar com essas percantas
Essas patacas que trago
Eu sou filho de perdiz
Perdido pelas touceiras
Me basta pra ser feliz
Uma china dançadeira
Cheirando a manjericão,
Com feitiço nas cadeiras
Pode ser de contrabando,
Dessas que vivem bailando
Pelos galpões da fronteira
(Quero um tranco de vaneira
Quero um tranco de vaneira
Pra beliscar essa china
No meio da polvadeira)
Quero um tranco de vaneira
Quero um tranco de vaneira
Num baile de chão batido
De pura sepa campeira
Quero um tranco de vaneira
Que na sala eu não me mixo
Pois ando mais retovado
Do que gato de bolicho
Se a chinoca der entrada
Na contradança me espicho
Nas asas da madrugada
Sinto minha alma embalada
Nos braços desse cambicho
Dele fole seu gaiteiro
Porque eu to de bota nova
E é feita de couro cru,
Tenho que dar uma sova
Se essa changa não se achica
Levo na base da trova
Sou pior que toada de mango,
Só vou deixar de fandango
Se tiver com o pé na cova
Quero um tranco de vaneira
Quero um tranco de vaneira
Pra beliscar essa china
No meio da polvadeira
Quero um tranco de vaneira
Quero um tranco de vaneira
Num baile de chão batido
De pura sepa campeira
Andadura lenta dos eguariços.
Denominação genérica do Baile Gaúcho.
Cabaça para chimarrear (ou matear); em guarany caiguá.
Afetivo de cavalo de estimação.
Mulher mameluca (primeira companheira do gaúcho).
Guria que se pilcha de bota e bombacha ao invés do vestido de prenda, prenda que passou dos 30 anos.
Calçado com cano (curto, médio ou longo), feito de couro.
Pequeno trabalho.