Alcei a perna numa bragada "veiaca"
Que quando me pegou, o corpo quase de riba me saca.
Mas do meu jeito, montei de pala atirado,
E quando amanheço aluado , nem o demônio me ataca.
De queixo duro, coiceiro e manoteador as estâncias estão povoadas,
Na escassez de domador.
Tropilhas buenas, riqueza de sangue e raça,
Mas onde a doma não passa, o pingo perde o valor.
Esta é a minha sina,
De lidar c'oa rebeldia.
Repassando os mal-domados,
Tirando balda e mania.
(Lá na mangueira já começa um tempo feio,
Quando convido a bragada pra bailar nos meus "arreio".
É só mais uma, das que foi mal "começada",
E depois de ser domada, renega o basto e o freio.)
Esta bragada, que me bombiava pra espora,
Troteou comigo no lombo, querendo tirar uma tora.
Levei o corpo, na saída da porteira,
E lhe aprumei a soiteira, num lançante campo afora.
Cerrei as puas, e eu não vi mais o pescoço,
Me parecia que eu "tava" de a cavalo num caroço.
Não frouxo a perna, que se desmanche em pedaços,
Nem que eu fique no "espinhaço", tinindo a espora no osso.
Esta é a minha sina,
De lidar c'oa rebeldia.
Repassando os mal-domados,
Tirando balda e mania.