Quando o pago precisava
De sustentar as fronteiras,
Foram eles que chegaram
Manejando boleadeiras.
Vieram tauras de respeito,
Que deixaram família,
Empenhando a própria lança
Em defesa farroupilha.
Veio homem de bombacha,
Veio homem de alpargata,
Veio faca carneadeira,
Veio adaga pura prata.
Pela nobreza da causa,
A tropa foi engrossando,
Três toques justos e perfeitos
Assegurava o comando.
“Quem tem batismo de fogo?”
Perguntava o coronel.
A força toda avançava,
Quase no mesmo tropel.
Velhos, melenas tordilhas,
Gauchada temporana,
Toques e cavalaria
Tocaram numa cordeona.
O negro Chico floreava:
- “Inimigo não se popa.
Quem quiser ganhar galão,
Venha pra frente da tropa.”
E, no guincho da cordeona,
Entretia quem peleava,
E, quando o fogo embrabecia,
O velho taura tocava.
Numa feita, num repique,
De adaga, lança e facão,
O gaiteiro largou a gaita
Pra pelear por distração.
Saiu cortando cabeça,
Pescoço, língua e garganta,
-“Quem sameia coisa ruim,
Só cóie aquilo que pranta.”
Saía fogo das ventas
Do negro velho gaiteiro,
Que nasceu pra ser farrapo
Do velho chão missioneiro.
Ainda existe quem diga
Que, ao compasso da vaneira,
Faz um piquete de a cavalo
Sapatear numa trincheira.
O negro Chico flauteava
Que, no Passo do Rosário,
Tocou tudo que sabia
Pra enfrentar o adversário.
E lá pela madrugada,
Já quase clareando o dia,
Um piquete de lanceiros
Acordava quem dormia.
E pra contar, sobrou apenas
A cordeona e o gaiteiro,
Tocando a mesma vaneira
Pra alegrar os companheiros.
Foram esses os malevas,
Pegados à boleadeira,
Que chegavam de a cavalo
Pra engrossar as fileiras.
Templa antiga, de respeito,
Que nunca ninguém dobrou,
Hoje são poucos que lembram,
Depois que tudo passou.
Lugar em que se nasce, de origem
Coletivo de militares e de bovinos.
Vivente que se pode recomendar.
Pequeno agrupamento de pessoas; também designa um pequeno potreiro, onde pastam os potros.