Venho da beira de um rio amigo,
Trago comigo lembranças mil,
Sou missioneiro, já fui changueiro,
Vivo na costa do meu Brasil.
De vez em quando me solto na água,
Lavando as mágoas no teu caudal,
Rio companheiro que eu gosto tanto,
Leva meu pranto no teu canal.
Vejo na espuma das cachoeiras,
Duas fronteiras que são irmãs,
Do outro lado roncos os mouros,
Cá deste lado gritam tajãs.
Nesta fronteira cercam banhados,
Fazem cercados, lavram o chão,
Bicho de ontem fogem da toca,
Correndo cedo, sem compaixão.
Meu canto fica como tecido
De um rio amigo que longe vai,
Rio dos cantares, rio das cachoeiras,
Rio das fronteiras, rio Uruguai.