Sempre que as cordas dedilho
Para empessar um relato
Me lembro de dom mulato
Puro cerne de espinilho
Uma estampa de caldilho
Sábio de tanto andejar
E uma luz a iluminar
Sua vida nos rigores
Poeira de mil corredores
Quero ali te escovar
E assim seguia tropeando
Cruzando num pampa e noutro
Com botas, garrão de potro
E a chilena tilintando
E quando ia decambando
Rompendo a noite ao seguir
Com um palheiro a luzir
Mascando léguas ao tranquito
Era um centauro solito
Bombeando a pátria a dormir
Ser tropeiro era destino
Que trouxe como um sinal
Correr boi num banhadal
Deste rio grande teatino
Numa parte era latino
Com aquele pala arreiudo
Encostava seu lubulo
E dando de mão na cola
Ia pechando pachola
Nas paletas de um turuno
Nas rondas dos descampados
Rondava luas vaqueana
Cantava toadas pampeana
De cima do seu bragado
Gauchão e entonado
Sempre proseando com a tropa
Quando a pratica se ensopa
Na sua vivencia campeira
Ronda uma tropa ligeira
Não é que qualquer europa (oropa)
E quase no fim da vida
O tempo envelhece tudo
Foi domando curnilhudo
Pigaços pra toda lida
Com maestria e medida
Seguiu culpando sua fé
E num pingo pangaré
Ultimo olhar deste lado
Morreu só e abandonado
Na vila do m'bororé
Com este tento eu arremato
Esta presilha altaneira
Uma milonga campeira
Chego ao fim do meu relato
E assim cantei dom mulato
Sem pedir aplauso ou palma
E na sua tumba calma
Joelho esta preçe crua
Uma saudade charrua
Engarupada na alma
Descampados cobertos de vegetação rasteira onde a vista se estende ao longe; compreende desde a Província da Pampa Austral, ao sul de Buenos Aires (Argentina) até os limites do RGS com o Estado de Stª Catarina (Brasil).
Cigarro feito de fumo-em-rama, cortado, picado, moído e enrolado em palha-de-milho.
Gaúcho antigo que peleava montado em eguariço.
Poncho leve de seda (para o verão), de algodão (para meia-estação) e de lã tramada ou bixará (para o inverno).
Coletivo de militares e de bovinos.
Afetivo de cavalo de estimação.
Botão da mesma guasca, que serve para fixação.