Eu vivia feliz na minha aldeia,
Branca que parecia feita a giz...
Havia uma capela pobre e feia
Que os bairristas chamavam de matriz.
Nossa vizinha, estrábica e feliz,
Andava sempre a par da vida alheia.
E na praça, que tinha um chafariz,
Eu brincava ao clarão da lua cheia.
O sapateiro anau batia sola...
O cego zé de assis tangia a viola
A negra iná vendia seu mingau...
Nossa senhora, como o tempo voa !
Já morreu toda aquela gente boa,
Só quem resta sou eu – porque sou mau.