(delci oliveira)
depois que eu me for, se eu puder voltar
a esta querência numa nova vida
pedirei a deus pai ao alcançar-me esta graça
que ela seja merecida
quero nascer no coração de um cerro
entre peraus e bamburrais de espinhos
Água que rompe as veias do rochedo
por entre sombras que protegem ninhos
e descerei cantando os brutos
sulcando a terra em límpida corrente
pelas raízes chegarei aos frutos
para alimento dessa minha gente
no meu caminho levarei a chuva
para a lavoura onde viceja o milho
hei de lavar os olhos da viúva
e dar-lhe forças pra criar o filho
e mesmo que me ataquem os venenos
voltarei puro pela mesma fonte
nessa constância dos caudais pequenos
corpo de pedra e alma de horizonte