(josé mendes/noel silveira)
pai, filho, espírito santo, cruz credo, virge´ maria
quando viam minha mulher era o que todos diziam
a criançada chorava, os grandes ficavam sérios
com certeza essa fantasma escapou do cemitério
os vizinhos me diziam que fizeram algum feitiço
era louco ou tava cego quando casou com esse bicho
eu, então, me ofendia e já queria peleia
dizem que o amor é cego e eu nunca lhe achei feia
ela pesava trinta quilo´, um metro e noventa de altura
calçava quarenta e quatro, perninha de saracura
tinha um olho furado, era careca e banguela
o nariz era volteado e a boca era uma gamela
era troncha das orelhas, não podia usar brinco
porque ficou defeituosa na revolução de trinta e cinco
o que ela tinha de bonito, um palmo e meio de pescoço
com cento e oitenta berrugas e um papo de três caroço´
um dia nós se agarremo e deu uma baita de uma pauleira
amarrei a caninana e remeti lá pra fronteira
diz que lá arranjou marido e se casaram por contrato
três dias dorme com ela, três dias dorme no mato