Quando encilho meu mouro busco a volta e alço a perna
A alma xucra governa ao se abugrar e andar
Talvez buscando um lugar pra erguer rancho e galpão
Um amor pro coração e alguns potros pra domar
Quem tem alma de andejo traz a querência nos bastos
Carrega estrivos gastos de chegadas e partidas
Cevando as dores da vida, que tordilharam melenas
Redomoniando as penas nas madrugadas compridas
Por certo quem traz saudades, invernadas nos pessuelos
A solidão de sinuelo e um poncho tronpando geadas
Conhece a dor da estrada que vem roseteando o pêlo
Um mouro sacode a crina parecendo entender
Que a falta de um bem querer é a razão da estrada
Pra quem só tem madrugadas, e um sonho para viver
Quem sabe alguma linda se agrade deste paisano
E tenha sonhos e planos e um amor pra me entregar
Um brilho terno no olhar e um cheiro de flor do campo
Um catri cheio de encantos e um mate pra me esperar
Se deus quiser ergo um rancho no fundo de um corredor
Para abrigar este amor destas garoas do agosto
Matear mirando este rosto na mansidão da morada
Deixando as léguas de estrada pra ser feliz neste gosto
Primeira habitação erguida no Continente de São Pedro, edificada com material que abundava no local (leiva, torrão, pedra ou pau-a-pique e barreado), coberto com quincha.
Lugar onde se gosta de viver; se quer viver; lugar do bem-querer.
Um ou mais animais mansos que servem de guia à tropa.
Pilcha, espécie de capa sem abertura e de gola redonda que abriga do frio.
Só é mate se tiver algum jujo (chá) junto com a erva.