Nasci no interior sou simples barbaridade
Sou feito um cavalo xucro sem registro e sem idade
Sou filho daquela gente que nem tem tempo de ser infeliz
Do pago em que fui criado trago no peito a raiz
Por ser um pouco cigano não tenho morada certa
Fiz do mundo meu destino e do céu minha coberta
Sou livre por natureza igual correnteza de um igarapé
Meu coração é uma estrada que me leva onde quiser
Desde piazito aprendi que o mundo é a melhor escola
Tenho sina de gaudério e um sentimento pachola
Dou amor pra qualquer china mas não me prendo em cambicho
Quem sente saudade chora e eu não nasci pra isso
Eu já fiz meu testamento pro dia em que o velho amigo
Lá do céu me convidar pra uma conversa comigo
A minha voz cancioneira deixo no vento pro povo escutar
E a cordeona companheira levo pras bandas de lá.
Barbarismo; interjeição que exprime espanto, admiração.
Selvagem.
Lugar em que se nasce, de origem
Adolescente.
Destino, sorte.
Vivente aventureiro que chegou na Pampa, vindo do Brasil-central; não tinha profissão definida, nem morada certa e não se amarrava ao coração de uma só mulher
Mulher mameluca (primeira companheira do gaúcho).
Apego ou paixão por uma china, ou por um peão.
Vila, distrito.